Dezessete pessoas foram feitas reféns por criminosos durante os ataques registrados nos bairros do Calabar e do Alto das Pombas. A informação foi divulgada em coletiva de imprensa pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), na manhã desta terça-feira (5).
As regiões vivenciam desde sexta (1º), inúmeras situações de violência como tiroteios e sequestros. O resultado da atuação policial nas regiões e apreensões também foram citadas no evento. Até o momento, ao menos sete pessoas foram mortas e 8 foram presas.
Segundo o secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, seis fuzis foram apreendidos só na segunda. Em oito meses foram 44 armas desse calibre apreendidas no estado – o dobro do total de fuzis apreendidos em todo o ano de 2022. Além disso, 8 pistolas e 3 granadas foram apreendidas nas operações feitas nos bairros.
“Foram utilizadas forças especializadas, ações de inteligência, ações integradas, que culminaram em uma apreensão de farto armamento e de pessoas presas ao longo do dia da operação”, disse Verner.
Ainda segundo o secretário, os ataques foram praticados por“uma facção (que) fazia demonstração de poderio bélico, práticas de terror, para não só desafiar as forças de segurança, mas causar pânico, violência e terror na população que reside naquela região.”
Ainda na coletiva, o comandante geral da PM, Coronel Paulo Coutinho, informou que houve vários confrontos entre policiais e suspeitos e, que na fuga dos homens, que os moradores foram feitos reféns. “No primeiro confronto que houve, logo depois foi sequenciado por uma tomada de reféns, onde nós liberamos 10 reféns. Infelizmente tivemos sequenciais confrontos aonde tomaram 7 resistentes, mas prendemos também 8 individuos ligados ao crime”.
Assustados com a insegurança, muitas pessoas deixaram suas casas. O Coronel lamentou o fato e explicou que essas atituldes são “efeito colateral de qualquer ação dessa natureza (violência)”. “A gente primeiro se solidariza com esses moradores. E a demonstração clara é a instituição presente. As força de segurança estão presentes…e vamos continuar! A Polícia Militar existe para servir e proteger e, sobretudo, para salvaguardar a vida do cidadão”, disse ele.
Intervenção Federal
As trocas de tiros teriam começado ainda na noite de sexta-feira (1º). No domingo (3), a janela de um apartamento do 13º andar de um prédio chegou a ser atingido por uma bala perdida, no bairro da Graça, que é vizinho à área. Ninguém ficou ferido, mas a moradora ficou assustada.
Na manhã da segunda (4), um novo tiroteio preocupou moradores, seguido por mais um no início da tarde. Os dois precederam as situações com reféns na região. Imagens feitas por testemunhas mostram a movimentação da polícia na área à tarde. Outras têm o som dos tiros (assista abaixo).
Diante de tantas ocorrências, o secretário foi questionado durante a coletiva sobre a possibilidade de intervenção federal no estado. Sobre a temática, o Marcelo Verner foi direto: “De forma alguma. A gente mostra pelas ações realizadas ao longo deste ano. Não só as ações, mas os números que se tem, os investimentos, as ações de inteligência demonstram que nós estamos fazendo frente e combatendo a situação do nosso estado”.
Reunião com Alta Cúpula
Na manhã desta terça-feira (5), o governador Jerônimo Rodrigues realizou uma reunião com a cúpula da gestão da Segurança Pública do Estado (SSP), para acompanhar e avaliar as ações recentes de combate a organizações criminosas na capital, além de planejar futuras operações das forças policiais.
Além dele, estavam presentes o vice-governador Geraldo Júnior, titular da SSP, Marcelo Werner, do subsecretário da pasta, Marcel Oliveira, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Paulo Coutinho, da delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Brito e do secretário estadual de Justiça e Direito Humanos, Felipe Freitas e autoridades de outras secretarias do Estado.
Sobre o encontro e sobre o conteúdo da reunião, Marcelo Verner explicou que o governador discutiu medidas de prevenção à criminalidade, a fim de garantir a segurança de baianos e baianas.
“O governador está sempre acompanhando e dando as diretrizes, estabelecendo metas, pedindo para que nós façamos ações pontuais, ações de inteligência, ações de integração, ações que sejam promovidas em relação a complexidade que é a segurança pública e ações que envolvam outras secretarias também. “
Situação atual nas comunidades
O policiamento segue reforçado nos bairros. Diferente da segunda (4), os estabelecimentos comerciais abriram as portas. No entanto, as instituições de ensino seguem com atividades suspensas. Segundo informações da Secretaria Municipal de Educação (Smed), 1.042 estudantes estão sem aula. Não há previsão de retorno.
As escolas afetadas são: Conjunto Assistencial Nossa Senhora de Fátima, Casa da Amizade, Professor Antônio Carlos Onofre e os Centros Municipais de Educação Infantil Tertuliano de Góis e Calabar.
O Colégio Estadual Evaristo da Veiga, localizado na Avenida Garibaldi, que fica na mesma região, abriu normalmente, porém registrou baixa frequência, de acordo com a Secretaria Estadual de Educação. Já a Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) recomendou o retorno das atividades.
Em nota, a instituição informou que “está monitorando cuidadosamente a situação vivida nas últimas horas na cidade na questão de segurança.” Além disso, a Admnistração disse que “tendo necessidade, a Universidade tomará as medidas necessárias e informará à comunidade.”
Há ainda novos confrontos em andamento, segundo o Coronel da PM. No entanto, não há dados sobre feridos, reféns ou apreensões.
Fonte: iBahia